terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Recompondo-me


 
 
Com os pés cansados
piso levezas
com as mãos umedecidas
troco carícias
 
Com os braços tensos
aperto o peito
com a ponta da língua
roço palavras
 
No fim de tudo
construo em braile
meus pensamentos
nesse enlevo
de estar viva
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Arte by Cristina Fornarelli

O espanto das estrelas


Há sempre um risco
e um pedaço de esperança
para atravessar
os campos de guerra
meu corpo em talhos
ressente a lâmina
que tem fome
há de se cortar
e ninguém morre
há de se escapar
e ninguém vive
meu corpo inteiro
nunca mais senti
entre meus dentes
palavras escondi
a vingança apaga a memória
meu silêncio é de pedra
moldada em muro
que não mais deveria decantar
a velha alma que nasceu para o escuro
Adriane Lima
Arte by  Horion Lee

O que trago no olhar






Janeiro passou
e nem vi
A janela embaçou
e nem vi
Me acostumei
a ter olhos
de neblina






Adriane Lima






Arte by  Mi Kiung Choi

Letargia

 
 
 
Ainda há luz
das janelas
na madrugada
 
Ainda há luz
nas janelas
de minha alma
despedaçada
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by Catrin Wells Stein 

Atraindo infinitos





Caminho sobre os muros
equilibrando-me com as mãos
observo pássaros livres
em perfeitas acrobacias
 
liberdade está na asa?
por isso eu não me basto
e arrebento o coração
 
O sol cintila em céus azuis
e eu grito em minha mente
pedindo paz, para minha exaustão






Adriane Lima








Arte by Catrin Wells Stein 

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