quinta-feira, 19 de junho de 2014

Andante







Enraizado em ti
está o meu canto

em cada pranto teu
há um acorde meu
a despertar os sentidos
que violam a noite antes pura

para o desejo que nos prendeu
restaram versos
para verdade que nos moldou
restaram rimas
vividas entre a musicalidade
do vento e todo conforto
trazido por respostas primas

nossos risos são lágrimas
que choram por alento
e disfarçam a dor de fora
que insiste sangrar por dentro

somos ainda poetas, poesia
homem, mulher e instrumento
autores de nossa história
perdidos neste movimento







Adriane Lima e Orlando Bona Filho 






Arte by Andrey Belichenko

Entre e sirva um verso



Fácil amar a fruta
quando se escolhe a flor
fácil dividir espaço
quando se mede tamanho

fácil ser mar
quando não se divide ilhas
fácil sonhar
quando não se conhece histórias
fácil caminhar
quando não se partilha estradas

fácil encontrar palavras
quando se constrói o lírico

-facílimo

ora ser riso,ora ser pranto
viver o inferno e o paraíso
ser solidez e o impreciso
ser real e o camuflado

e no desespero
não ter a anarquia descomposta
e dizer que o que se gosta
é o singular

- o singular de ser poeta

 




Adriane Lima







Arte by Valéria Corvino 

Ao que foi sangrado


 

Abro os braços e pernas 
para o mundo
faço um eterno socialismo 

de meus pedaços
a revolução que cravei 

era luta interna
e na paz que busquei

 fui derrotada

não houve soldado 
que tomasse posse
nem brinde 

que acalmasse a sede

houve uma vida 
derramada em tantas bocas
perdição e jogo 

em cada vã batalha
onde em noites de solidão

eu rezava
para ter meu coração costurado

 




Adriane Lima







Arte by Francine Van Hove






















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