Eu peço licença à toa
porque as vezes
igual a Fernando Pessoa
sou duas ou três de uma
vez
Sou a que fala, a que
cala
a que ama e morre todos os
dias
e a que sangra todo mês
Eu peço licença prêmio
pelo amor que não veio
pelo sonho
roubado
que me fez sentir tão
freguês
Eu peço licença poética
por quebrar a estética
e rimar cataclismas com
hortelã
e ainda assim ser enfático e
crer
em minha escrita burguês
Eu peço licença aos
astros
por ter amado Bardot
e em minhas sessões da
tarde
ter ido à pé até Marte
e aprendido a usar
perfume francês
Ou então, não peço licença de
nada
e sigo a estrada, desta minha
insensatez
Adriane Lima